Hoje li um poema de Fernando Pessoa que tinha por tema o amor. Ele dizia, em certo momento: "Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
E já faz algum tempo que mudei minha visão sobre o amor.
Quando adolescente, escrevia poemas de amor. Eu sofria por amores não correspondidos, entregava-me, fazia sacrifícios. Pensava o dia inteiro na musa inspiradora. Escrevia durante as madrugadas.
Até que atualmente descobri que amar não é sofrer. Amar é uma homenagem, é um préstimo que ofertamos a outras pessoas.
Quando por fim reconhecemos nosso valor individual, vemos que somos importantes e temos a percepção de que estamos longe de ser objetos, tornamo-nos senhores de nosso sentir.
Quando Pessoa diz: "se o que quero dizer-te é que te amo" percebemos que amamos porque queremos, não porque nos deixamos levar por alguma influência.
Estar "só" também é opção, ora vejam. O que não necessariamente implica em solidão.
E há vários tipos de amor. Um deles descobri com meu sobrinho, que agora fará dois anos. Ele chora minha ausência, eu choro quando ele fica doente. Não porque um seja dono do outro, não porque um tenha autoridade sobre o outro. É despretensioso, é por querer.
O amor romântico é o que mais vende, que mais rende, por isso é tão destacado.
"Se o que quero", foi o que disse Fernando Pessoa. Eu quero. Eu sou senhor de meu sentimento.
Escrevo isto para alertar contra relacionamentos sufocantes, relacionamentos tóxicos. Relacionamentos em que a outra pessoa domina, humilha, maltrata física e psicologicamente. Um amor unidirecional, pois os dois amores envolvidos apontam para uma só pessoa. Quem se submete, ama ao dominador. E o dominador ama a si mesmo.
Não sofra, liberte-se. Ame porque você quer, não porque precisa, ou porque é obrigado.
Ame porque é bom.
Ame sentindo-se como escreveu Mário Quintana: "Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo..."