terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sobre corrupção e cortar a fila no banco

Meu Deus! Quanto se tem falado por aí em corrupção! E o pior não é falar, é que as malfadadas ações corruptas realmente estão assolando este país.
Contudo, tenho observado nas mídias, em especial no prolífero solo das redes sociais, uma crescente quantidade de palestrantes e pensadores comentando sobre o brasileiro criticar a corrupção e querer sempre dar um jeitinho, obter vantagens.
Dizem que o brasileiro critica o roubo mas não devolve o troco que veio errado, que odeia o corrupto mas corta fila em banco.
A conclusão destes pensadores, obviamente clara, é que a luta contra a corrupção deve começar em pequenos gestos.
E minha opinião sobre isso é: balela. Pura balela.
Acho inconcebível querer comparar o desvio de milhões de Reais, a aceitação de propina, a compra de favores políticos, o tráfico de influência com ações tão pequenas cometidas pelo povo - a vítima dos corruptos e corruptores. É como querer justificar o estupro dizendo que a vítima usava roupas insinuantes.
Quem imputa ao cidadão comum a culpa pela "mentalidade de corrupção" está desconsiderando as proporções devidas.
Em um país onde há atendentes suficientes e ágeis, não é preciso cortar fila.
Em um país onde a escola funciona corretamente, com valorização e respeito aos educadores, a população de bem não deixa de seguir regras.
Em um país onde há emprego para todos e remuneração digna e suficiente, não é preciso levar o troco errado para casa.
Mas se levarmos em conta que os mandatários têm sempre atendimento preferencial, estudam nas melhores escolas e são muito bem remunerados (vivem quase um outro país mesmo estando dentro do Brasil), percebemos que há nesta classe um modo diferente de ser, que não é inspirado nos pequenos deslizes do povo.
Estes detentores de benesses e de poder têm um pensamento desprovido de ética. E, como escreveu Antonio Gomes Lacerda, "A ausência da ética deixa um vácuo onde se propaga a onda da corrupção".
E para sanar isso não se deve culpar os atos dos brasileiros. Afinal, sua pouca educação é uma das armas de que se utilizam os corruptos para poderem escapar das falcatruas. Por isso um político rouba, cai e acaba voltando, reeleito.
Concluindo, deixo para reflexão duas frases que se somam e explicam onde o brasileiro de um modo geral é culpado pela corrupção:

"A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa." - Jô Soares.

- "Políticos no Brasil não são eleitos pelas pessoas que leem jornais, mas pelas quais se limpam com ele." - Conde Von Noble.


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