Vamos começar considerando que poeta não é tão somente aquele que escreve. Poeta é quem reveste de sentimentos e emoções tudo o que faz e o que vive, permeando de sensações todo o seu cotidiano.
Poetas são os melhores amigos, as melhores companhias. O carinho dos poetas são indescritíveis: possuem poesia nos dedos e, quando acarinham alguém, tocam como se tocassem a Esfinge.
Consideremos ainda que estas pessoas colocam o coração em tudo o que fazem ou que lhes acontece. E isso dói, isso machuca. Machuca tanto quanto ver o sol se pôr. Machuca igual despedida.
O poeta não precisa ver Poesia nas coisas, ele a arranca de si e deposita no que lhe cerca. Um toque de Midas que, longe de ser privilégio, é antes, um legado. Porque, repito, dói.
Então poetas precisam ser levados em conta, precisam de atenção. Qualquer gesto tem valor multiplicado. Um sorriso dá sensação de gargalhada. Um desprezo, ai, um tratamento de indiferença… têm sabor de ponto final.
Cristal não é vidro colorido. O impacto que este último suporta pode estilhaçar aquele.
Taça não é copo de requeijão. Tanto em raridade quanto em qualidade.
Então poetas se tratam assim: leva-se em conta, dá-se atenção. E se você tiver a bem-aventurança de despertar a atenção de um… não permita que ele perceba que você prefere o podre, o mano, o indelicado, o “vida loka”. Porque quando poetas gostam de alguém que não brilha, eles tiram a própria luz para incutir na pessoa. Insistir em se fazer escuro é desprezar esse sacrifício.
Por isso, se um poeta gosta de você, procure ao menos amar-se.
E nunca, nunca, o trate mal.
Porque deveria ser crime hediondo atacar alguém que não reage e não se apresenta armado.
Poetas não machucam, eles curam. E não merecem pagar caro por isso (afinal, já disse que eles sentem dor por serem assim?)
Cante para eles, sorria para eles, preocupe-se com eles. Deixe-se acarinhar, deixe-se abraçar por eles.
Perca-se com um poeta, para ambos poderem se encontrar.
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