Esta manhã,
assistindo ao noticiário da TV Globo, chegou um momento em que os
expectadores apareciam em vídeos amadores feitos no celular,
apresentando suas expectativas e anseios para o país.
Após esta exibição,
a apresentadora concluiu o quadro comentando que na grande maioria
dos depoimentos, falou-se muito de “paz”.
A referida repórter
argumentou que a violência é extremamente preocupante, que os
brasileiros querem mesmo o fim dos conflitos, do medo, etc., etc.,
etc.
Lembrei-me de
imediato de uma canção de Renato Russo chamada “Esperando por
Mim”, que tem um trecho assim:
“Hoje
à tarde foi um dia bom
Saí
prá caminhar com meu pai
Conversamos
sobre coisas da vida
E
tivemos um momento de paz”.
E esta lembrança levou-me a refletir que não se anseia somente a
paz no estrito sentido da ausência de violência, de guerra, de atos
de desentendimento.
Até porque, na sequência da canção que acabei de citar, Renato
canta:
“É
de noite que tudo faz sentido
No
silêncio eu não ouço meus gritos”.
O maior anseio de paz, enfim, começa no interior da pessoa. Porque a
paz é ausência de conflito, e estes não existem somente em sentido
físico.
Kant descrevia uma paz mediante legislação, que todos, unidos numa
só direção, seguiriam rumos diplomáticos que atenderiam todos os
anseios dos povos e evitaria o conflito.
Mas o ser humano vive atualmente imerso num tsunami de conflitos
emocionais, familiares.
E fiquei meditando que um soldado poderia estar no meio de um enorme
conflito como o é uma guerra, mas estar em paz no seu peito, ao
lembrar-se da família que o ama.
Ao contrário, a pessoa pode estar na relativa paz de não estar numa
guerra, habitando em uma casa espaçosa e segura, mas, ao mesmo
tempo, sofrer com um conflito por ter sido abandonado por alguém que
amava.
Os conflitos vêm de diversas causas: abandono, desilusão, decepção,
fracasso, fraqueza, doença, bancarrota, desentendimentos, dúvidas,
decisões difíceis. E tudo isto tira a paz.
E a pessoa busca a paz, busca ansiosamente, busca sem limites… e de
repente, ela acredita que o conflito é inerente à vida… e tirar a
vida seria a única forma de obter a paz.
Se enveredarmos pelas sendas das religiões, este ato pode ser
encarado de diversas formas. Mas não é este o caso, nem fazer
apologia e tirar a vida.
Por isso, quando alguém depressivo tira a própria vida, não
julgue. Ele só quer ser deixado em paz. E, se enquanto a pessoa
estava viva, não fizemos nada para ajudá-la a encontrar paz de uma
outra maneira, então simplesmente a respeite.
Porque o silêncio dos que criticam também é uma forma de paz.
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