quarta-feira, 10 de julho de 2019

Preparado para assumir que amo.

Na manhã fria de um 10 de julho, mãos congelando, ouvindo Ed Sheeran e pensando muito em como as coisas deveriam ser diferentes, leio um texto de O Pequeno Príncipe que está repercutindo bastante nas redes sociais.
Nele, o protagonista conversa com sua rosa e diz que a ama. Em resposta, a amada diz que "também o adora", ao que ele prontamente retruca dizendo que não é a mesma coisa.
A explicação que se segue foi-me embasbacante. De um sentido e razão tão claros que envergonhei-me de nunca ter chegado a esta conclusão até então.
Adorar, diz o Príncipe, parte de nossa carência e, por isso, cria um apego a determinada pessoa, buscando nela nossas expectativas pessoais de afeto. Quando não somos correspondidos, sofremos. E o problema é que a outra pessoa, grande parte das vezes, tem anseios diferentes de nossas expectativas.
Aí vem a frase que me esbofeteou sem piedade: "Quando uma pessoa diz que já sofreu por amor, na verdade ela sofreu por adorar, não por amar."
Sim! Faz sentido!
Pois amar é não mudar, não exigir, é estar presente e cuidar altruistamente. Entender e cuidar. Não esperar nada do outro. "Só podemos amar o que conhecemos, porque amar envolve saltar para o vazio, confiar a vida e a alma. E a alma não se indeniza", disse o Pequeno Príncipe.
Então lembrei-me daquela noite em que me perguntou: "Você me conhece?" e eu respondi: "Estou tentando, com todas as minhas forças. Ajude-me a conhecer".
Porque estou querendo me preparar para assumir que amo. Como ensinam os budistas, quando se adora uma rosa, a gente a arranca para tê-la e levá-la conosco. Se amamos a rosa, nós a regamos e cultivamos.
Quero assumir que amo. Mas, para isso, só queria presentear-lhe com mais uma pérola do livro de Exupery que acredito ser importante dentro do pouco que conheço de sua vida: "É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou".

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