Vamos primeiro lembrar que todos somos dotados de liberdade. Nascemos sem ter a obrigação de fazer favores a quem quer que seja. Na maioria das vezes, se o fazemos, é por vontade própria e de bom coração.
Mas há muitas pessoas que acham ser obrigação de toda a sociedade, inclusive nossa individualmente, servi-los e fazer o bem a eles de forma gratuita e benemérita. Muitos estão atolados num lamaçal imensurável e, tão logo recebem ajuda, esquecem-se de agradecer e o pior: alegando não ter pedido por ajuda, viram as costas. Há quem chegue ao extremo e inexplicável ato de odiar a quem o ajudou!
Há um ditado muito popular que diz que "um mãe cria dez filhos, mas dez filhos não cuidam de uma mãe". E qual a desculpa? A vida agitada, o mundo moderno em eternas mudanças, os compromissos pessoais que não existiam na vida das pessoas em tempos atrás? Ingratidão é a palavra. O filho que diz aos pais que não pediu para nascer, esquecendo-se de que não só desejou tanto nascer que participou de uma corrida pela vida disputando com bilhões de outros gametas a oportunidade única de desenvolver-se e tornar-se no ser ingrato que repudia e esquece os cuidados que recebeu até os dias atuais.
O ingrato não tem, em hipótese alguma, uma visão holística da situação. Ele se prende a detalhes. Olha e vitimiza-se pelo único prato vazio que se encontra rodeado de tantos outros pratos cheios. Não releva um "não" depois de ter recebido centenas de "sins". O ingrato é exatamente como escreveu o árabe Muslah-Al-Din Saadi: "O coração ingrato assemelha-se ao deserto que sorve com avidez a água do céu e não produz coisa alguma".
E ainda há uma classe muito pior de ingrato, justamente aquele que recebe o bem e prejudica quem o ajudou. A esse tipo de pessoa ingrata, meu mais profundo desprezo e repúdio. Simplesmente é perigoso viver perto de uma pessoa assim, tão delicada, meiga, bonitinha... e vil. Somente a distância serve de prevenção a este tipo de serpe.
E também ser bom. Façamos o bem sem esperar nada em troca. E mais: esperando o mal em troca. "Se seu coração é grande, nenhuma ingratidão o flecha, nenhuma indiferença o cansa", escreveu Leon Tolstói.
No meu planeta, tem uma placa bem grande em que está escrito: "obrigado".
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