Mas a lição que aprendi foi importante. Não sou fã ou defensor da mentira. Mas aprendi que dizer a verdade abertamente e sem ter o devido cuidado pode machucar tanto quanto a mentira.
A sinceridade é uma virtude incontestável. Não se pode negar que uma pessoa ardilosa e desprovida de caráter jamais seria alguém com quem desejássemos nos relacionar em qualquer sentido que seja.
Contudo, quem nunca conheceu aquela espécie de pessoa que diz: "eu falo a verdade mesmo, doa a quem doer". E se mostra um ser intragável, que não mede as palavras, que ofende, que humilha, que envergonha os outros. Que expõe pontos de vista como verdades absolutas e inquestionáveis e se vangloria de falar tudo o que pensa e sente, mesmo que isso cause a derrocada de outro ou até mesmo a sua própria.
Falo hoje sobre o sincericídio. Termo relativamente novo, mas que retrata uma ação muito antiga, inclusive Oscar Wilde escreveu: "Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal".
Não é porque eu sou um ótimo atirador que preciso provar isso atirando aleatoriamente nas pessoas. Não preciso provar minha sinceridade magoando alguém (ou magoando a mim mesmo). Sim, porque posso ser tão sincero que acabo expondo meus defeitos, minhas incapacidades, denegrindo-me e rebaixando-me diante de outros e isso é extremamente prejudicial. Sincericídio é tóxico.
Fundamental ter empatia. Devemos sim, ser verdadeiros ao expressar emoções, opiniões. Mas devemos acima de tudo preocupar-nos com os sentimentos alheios e como nossas "verdades" irão abalá-los.
Ter empatia não é simplesmente pensar: "Se alguém falasse isso para mim, eu não ficaria chateado". Ter empatia é colocar-se no lugar do outro enxergando com os sentimentos dos outros. Poetas e sensitivos não têm dificuldade em fazer isso. As pessoas mais brutas já precisam trabalhar melhor esse aspecto.
No final das contas, o fundamental desta vida são os relacionamentos, tanto os externos quanto o interno. Agir e se relacionar com alguém para que ambos sintam-se bem e felizes. E, sinceramente, danem-se os conceitos pré-moldados e estabelecidos por convenções fugazes e mutáveis. Fazer sorrir é tudo de que o mundo precisa.
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