Se eu quisesse andar nu, jogar lixo no chão e ouvir Wesley Safadão ou funk sem fone de ouvido, deveria me isolar do mundo, vivendo em um local perdido no meio de uma selva. Quem prefere viver em sociedade, deve seguir regras de conduta e boa vivência. Mais óbvio, impossível.
Durante minha breve passagem por Poços de Caldas tive muitos momentos bons. Porém preciso comentar alguns tristes episódios que presenciei para nos fazer pensar e rever se precisamos mudar.
Durante dois dias apenas, foram quatro brigas ou discussões que aconteceram perto de mim. Uma mãe deu a maior bronca na filha adolescente, entre gritos e gestos, em meio à multidão. E constranger um adolescente não me parece a melhor maneira de ganhar sua confiança.
Houve o episódio do rapaz que passou perto de um trailer de lanche e ficou trocando ofensas com um funcionário. O motivo, pelo visto, não era referente ao atendimento, era alguma rusga pessoal que estava sendo lavada no momento do serviço de um deles.
Teve também um casal de meia idade que estava no maior bate boca, com direito ao homem segurar no pescoço da mulher, numa clara demonstração de machismo e de violência.
E ainda duas mulheres que brigaram porque uma delas queria passar na calçada e empurrou uma criança. A criança reagiu, chutou a mulher e contou para a mãe. E a mãe queria até chamar a polícia porque a filha disse que fora agredida. Lembrei-me dos tempos de inquisição, quando clérigos queimavam mulheres só porque "inocentes" crianças diziam que estas eram bruxas.
Vendo esses episódios, lembrei-me das palavras do escritor francês George Duhamel: "O homem é incapaz de viver só, e é incapaz também de viver em sociedade".
Ontem mesmo ouvi o palestrante Paulo Vieira dizer algo muito interessante. Por não termos coragem de mudar a nós mesmos, queremos mudar os outros: nossos filhos, nossos pais, nosso cônjuge, as pessoas ao nosso redor. Queremos que todos se adequem ao nosso estilo de vida, quando na verdade nós é que precisamos nos adequar para bem viver com os outros.
A mudança começa em nós. Nunca nos esqueçamos disso. Ah, e não dê tanto ouvido a brigas de crianças, elas esquecem em fração de segundos. Não vale a pena queimar uma bruxa por causa delas.
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