Imediatamente lembrei-me da primeira vez que me vi sangrar. Um ferimento inocente de criança, mas deu para ver que meu sangue não era azul... e que eu era fugaz.
Lembro-me de um filme que assisti certa vez (só não me recordo o nome) em que um dos personagens dizia sobre o adversário: "Se ele sangra, podemos derrotá-lo".
Como poeta, posso até tornar-me imortal. Se o poeta agir direitinho, como agente modificador do mundo, deixará um legado que não o permitirá morrer. Mas ele, quanto ser que sangra, vai morrer.
Tenho medo de não agir a tempo de deixar meu legado. De acabar caindo na armadilha descrita pelo grande Bandeira em seu poema A Morte Absoluta:
"Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome."
Fazemo-nos fortes. Procuramos sorrir em meio a aflições e, como poeta, procuramos fazer mais - procuramos fazer os outros sorrirem, enquanto passamos por aflições.
Eu estou em guerra comigo mesmo nos últimos dias. Sinto-me insuportável. Não estou gostando de minha companhia.
Claro que isso é passageiro. Se já não encontro iguais para conversar, ao menos tenho que suportar-me.
Mas o conflito entre razão e emoção por que estou passando tem me deixado um tanto exaurido.
E saber que tenho data de validade está me angustiando ultimamente.
E hoje a reflexão que deixo a todos os meus queridos leitores é que temos de agir. Deixar nosso nome. Participar para fazer o mundo melhor. E não nos esquecermos de que é fundamental vivermos intensamente sem nos culpar, sem achar que é preciso sofrer para receber uma recompensa. Que sermos felizes faz parte da vida e que não há necessidade de uma tempestade para gozarmos da bonança.
No mais, estou trabalhando para aceitar minha fragilidade humana, encarando-me como escreveu Clarice Lispector: "Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura."
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