sexta-feira, 3 de março de 2017

Que tal falar mais de ansiedade?

Estava estudando a ansiedade. Meditando nela, para ser mais preciso. E mais precisamente na minha ansiedade. Quero entender porque acontece isso com a gente.
Em partes, passei a entender que o lapso temporal tem uma grande influência nisso. O lapso de tempo para uma pessoa ansiosa é sempre muito mais curto e o tempo passa sempre muito mais devagar.
Explico: para uma pessoa ansiosa, esperar por uma resposta ou por um resultado que só acontecerão no dia seguinte seria como esperar meses.
O ansioso também tem uma tendência de dedução negativa muito aflorado. Ele tem em seu bolso como que uma infinidade de alfinetes mentais que se chamam "e se".
Aí, o ansioso fica se perguntando: "e se chover?", "e se ela não quiser?", "e se ele enjoar?".
Então me recordo do que o intelectual romano Sêneca escreveu: "Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças."
Realmente, para o ansioso é extremamente nocivo. Ele não cabe em si de vontade de agir para reverter uma situação que ainda não aconteceu, mas que ele já desenvolveu por completo em sua mente.
A roteirista da Rede Globo, Adriana Falcão, também corrobora com meus argumentos sobre esse terrível mal: "Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja."
E temos que tomar cuidado com as frases de efeito popularescas. Muitas delas são potencializadoras de ansiedade, sem que a gente se perceba. Senão, vejamos uns exemplos.
Li recentemente vários posts dizendo que "prefiro sofrer machucado pela verdade do que viver embalado pela mentira". Já comentei no artigo anterior que não há verdade absoluta, nem verdade eterna. Por que a busca desenfreada por todas as verdades, se elas vão nos machucar? Além do mais, quem busca freneticamente a verdade, pode achar que uma verdade contada seja mentira e nunca estará satisfeito. Em resumo, essa gana pela verdade é esterco para a ansiedade.
Também é preciso cuidado com a ideia de colocar nossas ansiedades nas mãos de Deus. E não, eu não sou ateu. Sou seguidor assíduo de Deus e o chamo por nome. Mas tenho medo das religiões.
Há nas religiões (em todas!) pessoas frias, que estão lá por comodidade; pessoas normais, que a seguem por querer encontrar Deus realmente; e pessoas ferventes, que matam por Deus.
Beatas, fanáticos, senhores da fé... pessoas que acham estar servindo a Deus e que, por isso, estão acima dos mandamentos, acham-se muito além da ordem de amar. Eles fazem a religião deixar de "religar" e tornar-se uma máquina de castigar. "Não faça isso", "se fizer aquilo está fora!", "isso não pode". Este artigo é sobre ansiedade, lembrem-se. E como não ficar ansioso com um séquito de seguidores de pessoas que o condenam por tudo o que faz, independente de sua própria consciência não o condenar?
Excomungado, expulso, anátema, blasfemador, herege. Não importa o termo. Importa muito a aplicação a quem de direito (ou sem direito).
E para concluir... os ansiosos entenderão o que significa aquela palavrinha "online" no whatsapp sem a pessoa falar conosco.
É... ainda há muito o que se ponderar sobre a ansiedade. O melhor é manter-se ocupado. Por isso, encerro com a frase do psicólogo Rollo May: "Muitas pessoas estão ocupadas só para disfarçar a ansiedade; seu ativismo é um modo de fugir de si mesmas."


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