Hoje não ia escrever. Estava desanimado demais para isso. Foi então que li a frase de Chaplin: "Eu gosto de andar na chuva, porque ninguém pode ver minhas lágrimas."
Não tem como não escrever depois de ler um diamante tão aquilatado quanto este.
A gente acha que a vida é eternamente sorriso, que o segredo do sucesso é ser feliz todo o tempo, que a felicidade é o supra sumo das nossas conquistas.
E, de repente, vem a tristeza.
Neste momento, estou triste. De uma tristeza sem tamanho e que dói ainda mais porque eu queria gritar aos quatro cantos os motivos dela e não posso. E por saber que, mesmo se gritasse, isso não mudaria a situação.
Sou poeta, escritor, apresentador de rádio e TV, palestrante, comunicador. Mas fico extenuado porque não quero me permitir ficar triste e, por ficar, acabo ficando frustrado.
Lutamos por nossa liberdade e hoje, vergonhosamente, reconheço que nem eu próprio dou-me o direito de ser livre. Se quero ficar triste, que eu fique, poxa!
E neste mundo encardido, enlameado de "lugar comum", ficamos desejando seguir a moda, o senso comum, o pensamento da massa. E deixamos de ser nós mesmos.
E a tristeza, que para mim já tem peso dez vezes maior, fica ainda mais pesada por eu me cobrar sorrisos.
Tá triste? Fique triste, permita-se.
Não há nada de errado em deixar fluir todos os sentimentos que existem e que fomos feitos para sentir.
Não podemos sentir desejo porque é errado, não podemos ficar tristes porque é ruim, não podemos sentir ansiedade porque é doença, não podemos amar porque é restrito a uma pessoa.
Pare, mundo. Tem um monte de gente querendo descer!
Se você quiser se ganhar, deixe-se livre para sentir. E então vai se tornar senhor de seus sentimentos.
E poderá enfim olhar a lua sem tristeza.
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