terça-feira, 12 de setembro de 2017

Ah, se as redes sociais falassem!

As redes sociais, ao meu ver, formam um microssistema que existe à parte do planeta terra ao mesmo tempo que o tenta transformar.
É do Marquês de Maricá a frase: "O homem que despreza a opinião pública é muito tolo ou muito sábio."
Mas a vida em sociedade implica em uma série de responsabilidades sociais, muitas delas não contidas nas redes sociais (muito embora esteja sendo possível mover processos por postagens ofensivas).
Contudo, o que me diverte nas redes sociais é ver que há nelas um manto subjetivo de desobrigação imediata. Em outras palavras, há uma sensação de que o simples ato de postar já é a contribuição necessária para resolver todas as questões e todos os problemas sociais, éticos e naturais que possam existir.
Exemplifico para melhor explicar: quantas postagens não vemos com a foto de uma pessoa, geralmente uma criança, que tem uma doença terrível e a seguinte frase: "Deus vai curá-la, digite seu amém". E na sequência uma enxurrada de curtidas e améns, como se fosse resolver alguma coisa.
A pessoa posta seu amém e continua comprando seu cigarrinho, tomando sua cervejinha, comenda uma pipoca e nem pensa em fazer uma doação para a APAE, Lar da Terceira Idade, Casa da Criança, Hospital... não precisa doar, ela já digitou seu amém.
Ou então vemos as intermináveis críticas aos governos, à corrupção, à má gestão nacional. Todos criticam vorazmente presidente, governadores, deputados. E quando chegam as eleições, os mesmos "incapazes, inconsequentes e corruptos" estarão de volta assumindo mandatos, reeleitos e felizes. Talvez as pessoas votem neles novamente para ter de quem reclamar por mais quatro anos no Facebook.
Recentemente estão reclamando de quem ateia fogo nos matos ao redor da cidade. Com o tempo seco e o calor intenso, o fogo se alastra e a fumaça tem causado severos males à população. E mais uma vez ninguém chama a polícia para denunciar quem põe fogo, mas simplesmente xinga no Face.
Esta é a consequência da criação a rédeas soltas de jovens que vivem mergulhados em seus mundos digitais. Cidadãos apáticos, inativos, inexpressivos, cibernéticos. Que acham que curam doenças com o digitar de um "amém" ou derrubam governos com o postar de críticas.
Encerro com uma frase minha que fica para meditarmos: "Se for para falar, diga na face e não no Face".

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