"Não olhe pra trás, odeio despedidas. Diga até mais, mesmo se for adeus".
Esta frase é da canção "Até Mais", gravada em 1999 pelos Engenheiros do Hawaii e sua letra tem muito a ver com meus sentimentos e atualmente até mesmo com minha vida e seus acontecimentos.
Minha depressão é intrínseca às despedidas. Ainda é muito viva em minha memória as despedidas de meu pai para ir trabalhar em outra cidade. Eu sabia que ele estaria de volta na outra sexta-feira, mas esta certeza de breve retorno nunca foi o suficiente para que eu não chorasse todo domingo à tarde quando o via sumindo na curva da esquina para ir à rodoviária.
Nunca gostei de dar tchau para as pessoas. Sempre olho para trás quando me despeço de alguém. Sempre olho a pessoa indo embora quando ela diz até logo. E isso sempre me machuca.
Odeio ir a velórios. E não por causa da tristeza que permeia as pessoas. Mas é o porque naquele momento estamos nos "despedindo" da pessoa que faleceu.
Odeio ir a hospitais. Também não por causa da tristeza. Mas porque visitamos o doente e depois temos que nos despedir dele. E eu queria ficar, indiferente de quem seja o paciente. Só não quero me despedir.
Eu geralmente não me despeço, eu desapareço silente. Tchau, até logo, até breve, até mais, se cuida, falou - todas estas expressões são como chibatadas emocionais em minhas costas. A palavra "adeus" então, é um tiro de misericórida. Elas me entristecem, tiram-me o sono, deixam-me cabisbaixo e pensativo.
Estou solo. Não foi uma escolha minha, só respeitei.
"Não foi assim que eu sonhei a nossa vida.
A despedida seria até logo mais.
Mas a vida não permite ensaios..."
Aconteceu. Assim como aconteceu uma série de eventos que acabaram me transformando em persona non grata a um sem número de pessoas. E ninguém, exatamente ninguém, faz idéia de quanto dói em mim quando alguém me vira a cara ou me ignora propositalmente. Já escrevi em outros textos deste blog que a psicóloga informou-me que tenho a sensibilidade aflorada e que os sentimentos, inclusive as dores, são multiplicadas por 10. Ninguém pelo visto sabe o que isto significa. Viram a cara sem dó. Machucam-me como se desferissem punhaladas.
"Não olhe para mim como se eu fosse invisível
Como se fosse possível enxergar nessa escuridão."
A dor nos torna mais fortes. É assim nos treinos físicos. Está sendo assim na vida. Fortalece-me pensar nos finais de tarde: momento mais triste do dia, quando o sol se despede. E tudo o que se despede me fere. Estou aprendendo a dizer adeus sem sofrer com isso. E finalmente vai fazer sentido o trecho final da canção que mencionei lá no início:
"Não podia durar para sempre,
Não podia ser diferente,
Não poderia ter sido melhor