terça-feira, 13 de agosto de 2019

Fazer parte da vida não é ser a vida de alguém

Hoje enquanto comia uma ameixa estava pensando em um assunto que tem-me ocupado muito a mente e, confesso, até tirado o sossego devido sua insistência em ficar na cabeça.
Meu amigo Ricardo Brigagão já falou mil vezes para eu evitar a ideia fixa, mas devo fazer um "mea culpa" e aceitar que custou-me a entender e aceitar o que ele me aconselhou.
E ele estava certo e é disso que quero escrever hoje.
Quero contar a história de uma rapaz que teve o prazer de, inesperadamente, passar um tempo com uma pessoa que ele considera especial.
Foi, sem dúvida, um momento muito bom, uma conversa que lhe alegrou completamente o dia. Dessa vez, no entanto, como é costume desse rapaz, ele não estragou tudo mandando uma enxurrada de mensagens. Foi só um agradecimento pela companhia, mais tarde apenas um boa noite e, apesar da vontade gritante, não escreveu mais nada, por um dia inteiro, até o momento em que se veriam novamente. E foi bom!
Aí tem uma frase atribuída a Bob Marley (e nem sei se ele foi mesmo o autor dela) que diz assim: "Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida".
Vou agora ao ponto. Existem duas maneiras de ser em um relacionamento. 
Primeiro, alguém pode ser parte da vida da pessoa. E ser parte significa que a pessoa continua vivendo. Tem amigos, tem problemas, tem momentos de introspecção, tem tristezas, tem diversões. E dentro da vida dessa pessoa, está aquele alguém, que torna-se o momento de alegria, o refrigério, o porto seguro, o motivo de um sorriso.
Este tipo de relacionamento é mais longevo, porque não sufoca, não incomoda, não enjoa. Ele é especial e está lá disponível como um presente valioso, como um sonho bom que faz a gente não ver  a hora da noite chegar para podermos sonhá-lo.
Já o segundo tipo é querer ser a vida de alguém. Note: não é fazer parte, é SER a vida de alguém. Isto implica em respirar, pensar, agir, decidir sempre e impreterivelmente para agradar a uma pessoa. Isso é escravidão, é tóxico, é mau. Enjoa, envenena, talvez mate...
Foi comendo um pêssego nesta tarde que entendi o que o Brigagão queria dizer. Que o ideal é ser parte da vida de alguém e ter esse alguém como parte  de sua vida.
Mas NUNCA ser a vida de alguém, ou ter um alguém como sendo sua própria vida. Porque essa exigência não faz bem e tem dias contados e dores certas.
Por isso é que somente Fernando Pessoa conseguiria descrever a minha vontade de ser como o vento na vida da pessoa que para mim é especial: "Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido".

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Aprenda definitivamente a fazer Poesia

Vai por mim. Se não sentir vontade de fazer Poesia, você é abençoado. Pare de ler isto e seja muito feliz (de verdade! Sempre disse que a ignorância é uma bênção).
Mas há alguns seres humanos que sentem. Sentem em profusão, com multiplicador embutido, em doses cavalares qualquer sentimento que seja. Para estes, o texto que se segue.
Para fazer Poesia, primeiramente sinta.
Sinta o que quiser. Ódio, carinho, desejo, inveja, orgulho, cansaço, tristeza, medo, apreensão, ansiedade, exultação, felicidade, desespero, ciúme, gratidão... qualquer uma das mais de 400 emoções, sensações ou estados já catalogados.
Ah, tem o amor também... 
Ao sentir, intensifique esta sensação. A ponto de perder o ar. De perder o sono. De perder a fome. De não encontrar mais o sentido da vida de tão intenso passou a ser esse sentimento.
Deixe agir por um tempo. Fermentar. Chegar a ponto de explodir (é preciso cuidado neste passo).
Quando não for mais suportável, impossível de manter sob controle, escolha seu método de Poesia: papel, tela, instrumento musical, madeira, rocha, sucata, sei lá... tudo aquilo que se permite imprimir personalidade.
Mire e... faça a Poesia!
Se não for intenso, não será Poesia. Se não vier de dentro, não é Poesia. Se não causar alívio, com toda a certeza não é Poesia.
E dane-se a opinião alheia. Poesia é libertação. Poesia não é entretenimento de plateia. Ela retrata a alma de quem a criou. Não deve ser entendida, porque não se entendem plenamente as almas. Ela serve para ser apreciada, como a oportunidade de enxergar o que está oculto e praticamente inescrutável na mente e no coração de uma pessoa.
Disse Quintana que "A poesia não se entrega a quem a define.". Verdade. Poesia é arisca, não dá para traçá-la em linha reta, desossá-la, autopsiá-la.
Criada a Poesia, estime-a. É seu eu secreto personificado. Admire-se. Veja-se. Contemple-se.
E assim se faz Poesia. Simples e perigoso.
Mas um aviso: se ao ver a Poesia de outrem você sentir o coração tremer... cuidado.
A maldição também está em você.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Preparado para assumir que amo.

Na manhã fria de um 10 de julho, mãos congelando, ouvindo Ed Sheeran e pensando muito em como as coisas deveriam ser diferentes, leio um texto de O Pequeno Príncipe que está repercutindo bastante nas redes sociais.
Nele, o protagonista conversa com sua rosa e diz que a ama. Em resposta, a amada diz que "também o adora", ao que ele prontamente retruca dizendo que não é a mesma coisa.
A explicação que se segue foi-me embasbacante. De um sentido e razão tão claros que envergonhei-me de nunca ter chegado a esta conclusão até então.
Adorar, diz o Príncipe, parte de nossa carência e, por isso, cria um apego a determinada pessoa, buscando nela nossas expectativas pessoais de afeto. Quando não somos correspondidos, sofremos. E o problema é que a outra pessoa, grande parte das vezes, tem anseios diferentes de nossas expectativas.
Aí vem a frase que me esbofeteou sem piedade: "Quando uma pessoa diz que já sofreu por amor, na verdade ela sofreu por adorar, não por amar."
Sim! Faz sentido!
Pois amar é não mudar, não exigir, é estar presente e cuidar altruistamente. Entender e cuidar. Não esperar nada do outro. "Só podemos amar o que conhecemos, porque amar envolve saltar para o vazio, confiar a vida e a alma. E a alma não se indeniza", disse o Pequeno Príncipe.
Então lembrei-me daquela noite em que me perguntou: "Você me conhece?" e eu respondi: "Estou tentando, com todas as minhas forças. Ajude-me a conhecer".
Porque estou querendo me preparar para assumir que amo. Como ensinam os budistas, quando se adora uma rosa, a gente a arranca para tê-la e levá-la conosco. Se amamos a rosa, nós a regamos e cultivamos.
Quero assumir que amo. Mas, para isso, só queria presentear-lhe com mais uma pérola do livro de Exupery que acredito ser importante dentro do pouco que conheço de sua vida: "É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou".

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Sangrar em cima de outros.

Acabei de ler uma frase muito interessante. Dizia: "se você não se curar do que o feriu, irá sangrar em cima de pessoas que não o cortaram".
Meu Deus... parei muito tempo lendo e relendo isso e imaginando como poderia explicar algo delicado aos meus leitores.
Dias atrás pensei na morte. Pior. Pensei em facilitar as coisas para ela em relação a mim.
Últimas provas da faculdade acabaram de ser feitas, eu estava na estrada voltando para casa. Havia no caminho um pontilhão com alça de acesso para pegar a estrada que iria para minha cidade.
Ao entrar naquela curva, um pensamento. Soltar o cinto de segurança e não terminar a curva, seguir reto pelo pontilhão, precipitando-me lá para baixo.
Todos achariam que foi acidente. Não haveria bilhete de despedida, não seriam indicados motivos... era o momento comum do retorno para casa. Um simples acidente.
A ideia me apeteceu de tal forma que cheguei até o acostamento com o carro.
Seria o ponto final de tudo o que estava me fazendo mal, das ordens que insistem em me dar, da vida que não quero mais seguir, das decisões que preciso tomar mas que me amedronta tornar-me o mau da história.
Eu estava feliz na sexta- feira. Por que alguém questionaria minhas motivações? Seria acidente e ponto final, na concepção de todos.
Estranho... no momento que iria invadir totalmente o acostamento e encerrar minha jornada em menos de um minuto, lembrei-me de algo. Havia combinado com o Ricardo Brigagão de que iria correr com ele no lago municipal às cinco da tarde. Ele iria participar de uma ultra maratona e iria fazer parte de seu treino comigo. Falamos disso a semana toda.
Então decidi fazer a curva, travar novamente o cinto de segurança, e retornar para minha cidade. Tinha de cumprir o compromisso com o Ricardo, afinal, como ele iria correr sozinho às cinco?
Voltei para minha cidade. E fui diretamente para a academia ver o Ricardo e confirmar que a corrida estava de pé. Corremos naquela tarde e ele não deve ter imaginado que os dez quilômetros percorridos naquele dia tinham um valor diferente, muito maior do que simplesmente treinar.
Algo semelhante aconteceu muito, muito recentemente. Você que está lendo isso, talvez também não imagine o valor desse texto...

quarta-feira, 19 de junho de 2019

As escolhas de que a vida é feita

O texto de hoje será um tanto quanto aleatório. Estou com dor na alma, portanto, terei que me esforçar para escrever sobre o que machuca. Mas quem me lê merece e eu preciso jogar um bálsamo por cima da ferida.
Recentemente fiz uma opção. Uma opção que me deixou feliz e esperançoso. Uma opção que iria culminar em uma mudança total e drástica em toda a minha vida.
Mas o grande problema das escolhas, é que elas dependem em parte de nós, em parte de outros. A própria vida precisa escolher conosco, também precisa nos escolher. Brigar com a vida é difícil, nossa se é!
E quando escolho e me entrego, faço com o coração, por completo, por inteiro. Como se me despejasse em cima igual álcool, evaporo, dedico, penso, faço o bem, cuido, protejo, adoto.
Mas não opte se você também não for opção. E, de repente, me vejo aqui: ouvindo Legião Urbana (álbum O Descobrimento do Brasil), escrevendo e amargando um coração com um rombo do tamanho de uma supernova.
E me pego pensando nas minhas ações dos últimos dias... meu retorno a ser poeta, a ser romântico. E dedicando minha Poesia a quem não é de Poesia, com quem não entende a amplitude e o valor de ser a pessoa escolhida pelo poeta.
Não são os mimos, as surpresas e festas. São os pensamentos, as emoções, as artes, a dedicação, a preocupação, o carinho (puxa, o carinho, meu Deus!) envolvidos em tudo. Tudo com uma quantidade inimaginável.
Uma torre de taças de cristal tão bonita, bela, rara que, inadvertidamente, alguém escolhe chutar a base. Ou mais precisamente sequer notou que estava ali, o que torna ainda mais dolorosa a experiência.
Mas enfim, também há Poesia na queda. Por isso escrevo aqui.
Foram enviados sinais, tanto em detalhes quanto ações muito bem declaradas. A reciprocidade (maldita reciprocidade!) foi pífia. E não há como exigir nada, a opção foi do poeta, ninguém pediu para ele fazer tudo o que fez. Como exigir que veja as fotos dos stories do poeta, como pedir que leia seu blog, como pedir que curta algo que ele postou? Isso deveria ser uma reação natural de quem se sentiu feliz com tudo o que fora demonstrado. Deveria ficar na mente, deveria marcar-se no pensamento. Lembrar do poeta não deveria ser obrigação, deveria ser um ato comum de um coração grato.
Aí, aleatoriamente mas muito bem empregadas, cito algumas frases das músicas do Renato Russo do álbum que estou escutando:
- "Será que você vai saber o quanto penso em você com o meu coração?"
- "O sistema é mau, mas minha turma é legal. Viver é foda, morrer é difícil. Te ver é uma necessidade".
- "E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?"
- "Eu sou rapaz direito, fui escolhido pela menina mais bonita".
- "E cedo demais, eu aprendi a ter tudo o que sempre quis, só não aprendi a perder. E eu, que tive um começo feliz."

E se nada disso der certo, ainda posso escolher estas opções que Renato cantou:
- "Do lado do cipreste branco, à esquerda da entrada do inferno, está a fonte do esquecimento".

Ou
- "É tão estranho, os bons morrem antes".
- "Do resto, não sei dizer..."

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Aconteça o que acontecer, não olhe nos olhos!


Quero registrar um alerta aos poetas, aos românticos, aos de sensibilidade aflorada. É algo sério e realmente importantíssimo de se levar em consideração: quando conhecerem alguém, seja quem for, em um momento em que não estão preparados para mudanças, atentem bem: ACONTEÇA O QUE ACONTECER, NÃO OLHE NOS OLHOS!
É sério, não estou brincando. Quando Exupéry escreveu no seu Pequeno Príncipe que "Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos", ele não estava brincando.
Funciona assim: nossos olhos enxergam um corpo, curvas, cabelos, compleições, ações, sombras, vultos, chegadas, saídas... em suma, enxerga o que definitivamente não interessa a almas maiores.
Contudo, quando nossos olhos se cruzam com outros olhos, eles assumem uma nova função. São pórticos de coração para outro coração. Gente, é sério isso.
Quando um coração passa a enxergar outro coração, o que se segue é uma conexão, é uma doce contemplação e um encantamento que podem despertar alguns sentimentos e sensações. E poetas não têm filtro nem proteção: machucam-se. Falta-lhes a couraça de ogro, que seria tão necessária em determinados momentos.
Poetas entregam-se, envolvem-se, desejam, querem cuidar. Fagner cantou: "Quando penso em você, fecho os olhos de saudade"  porque uma vez que os olhos se encontraram, não são mais necessários, é um átimo de segundo para tudo acontecer. As impressões se tornam indeléveis, ficam na mente, descem ao coração, imperam nos pensamentos incrementados de sentimentos. Isso dói demais! É sério!
Foi assim que sempre aconteceu. E o princípio foram sempre os olhos. Nunca olhe neles, porque quando se percebe um coração pulsante na outra pessoa, não há como escapar dessa prisão.
Se não quiser me ouvir, arrisque-se. Olhe nos olhos e prepare-se para demorar a dormir, para acordar de madrugada, para sonhar, para pensar sempre, querer sempre, desejar sempre. Desejar presença, querer conversas, sentir necessidade de atenção. E a maldita reciprocidade...
Juro para você... não olhe nos olhos, poeta... é sério.
Olhe para o chão. E se me encontrar por aí, também peço que se preserve e não me olhe nos olhos. Caso contrário, entenderá o sentido do que cantou Kurt Cobain... "Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo".

terça-feira, 11 de junho de 2019

Hoje estou romântico

Li ontem um texto (mas não me recordo onde!!) que dizia que as emoções humanas mudam a cada instante. Quem demonstra um sentimento ou navega em uma sensação, de ora para outra modifica seu comportamento. Tudo depende do que acontece no dia da pessoa, de pensamentos ou de influências que ocorrem em algum momento.
Isso talvez justifique o fato de que hoje notei-me extremamente romântico. E me dei conta disto justamente porque, ao olhar para cima no estacionamento de meu local de trabalho, notei que uma árvore estava toda florida. Estava tão linda, tão produzida, tão maravilhosa... e eu, andando sempre cabisbaixo, iria perder este presente, permanecendo imerso em uma vida medíocre.
Ainda bem que ergui a cabeça e olhei para aquela árvore!
Será que foi isso que o filósofo Bertolt Brecht quis dizer quando escreveu "Todos correm atrás da felicidade sem perceber que a felicidade está nos seus calcanhares."?
Sim, hoje estou feliz e sentindo-me apaixonado. Falando sozinho, como um bobo sonhador. Um menino, um adolescente para o qual a vida sorriu pela primeira vez!
E pensei muito antes de escrever este texto. Dependendo de quem o ler, a pergunta será inevitável: "Por que está assim, hein?" - uma pequena frase que vai, certamente, tentar desabar com tudo. E há pessoas a quem burramente eu concedo o condão de conseguir estragar tudo.
Mas hoje, dane-se tudo! Estou sentindo-me apaixonado. E ver aquela árvore florida me gritou fundo no peito. Despertou-me um sorriso. Porque senti como se eu tivesse feito aquela árvore florir. Que ela abriu suas flores fora de época por minha causa, porque no dia de hoje eu estou me sentindo feliz.
E se há um porquê, se existe uma razão para eu estar assim, eu imagino qual seja, e deve ter muito a ver com o que Maquiavel escreveu:
"Porque a todos é concedido ver, mas a poucos é dado perceber. Todos veem o que tu aparentas ser, poucos percebem aquilo que tu és."
E eu, dentre tantos, consegui perceber, não é?

terça-feira, 4 de junho de 2019

Não suba ao palco

"Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco. Disfarçar a dor é dor ainda maior", disse Martha Medeiros.
Hoje jurei para mim mesmo que este texto não terá vitimismo de minha parte e assim o farei.
O que pretendo ressaltar é o ato heroico de muitas pessoas de se fazerem fortes mesmo estando arrebentadas emocionalmente. Conheço algumas.
Suas histórias são as mais diversas e seus problemas, inúmeros. Mas sempre têm um sorriso para distribuir, um conselho para dar, uma companhia boa para oferecer.
Desculpe perguntar mas, como não subir ao palco, Martha, se o show tem que continuar?
Sei e sinto que a vontade de esconder-se nos bastidores é tamanha e que realmente substituir a lágrima por um sorriso faz doer ainda mais. Seria até mesmo um ato de autopreservação evitar maquiar tristezas, relutar contra os sentimentos (imagine quem sente diversas vezes mais?).
Mas o mundo precisa de cada um de nós, mesmo que imaginemos o contrário. Se não fosse assim, as pessoas não se interessariam tanto pela vida umas das outras. O ser humano é um ser social, e só consegue tirar suas conclusões através de comparações. Por isso precisa tão encarecidamente de outrem. 
Salvo exceções encontradas em empreendedores e pioneiros, o ser humano progride tentando atingir o patamar alcançado por alguém a quem admira. Da mesma forma, consola-se ao notar que outros estão em condições piores do que as suas. "Tanta gente passando fome e você aí nem tocando no arroz", diz a mamãe para o filho enjoadinho.
O show deve continuar, é uma frase bem conhecida. E somos os agentes deste grande espetáculo chamado vida em um imenso palco chamado universo.
Por isso é difícil, por isso é doloroso... porque todos nos querem para parâmetro, para comparar-nos, para analisar-nos e, inevitavelmente, criticar-nos.
Por isso Renato Russo cantou: "Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim..."

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Queimando a língua com meu chá

Já não é tanta novidade o fato de que substituí meus inúmeros cafés com açúcar por tomar chá (na verdade, tomo meia xícara de café no Pereira, como falei no texto anterior).
E quando entrei no mundo dos chás, descobri que há diversas opções, algumas até requintadas. E gostei demais de um chá que mistura hibisco, rosa, canela, laranja e maçã. Facilmente tornou-se meu sabor preferido.
Mas hoje inadvertidamente enquanto fazia um serviço, esqueci-me que havia acabado de colocar água fervendo em meu chá e queimei minha língua.
Geralmente eu deveria praguejar todas as gerações da água, do chá e minha por causa da dor que estava sentindo.
Mas foi uma reação surpreendente a minha: como era o chá que eu gostava, a dor não foi tão intensa, não praguejei, não me exaltei... e até resolvi escrever sobre isso!
Neste momento, a dor já não me incomoda e só sinto ainda o sabor delicioso do chá.
Lembrei-me do escritor francês, Anatole France, que registrou: "Sabendo sofrer, sofre-se menos".
Não que eu saiba sofrer, mas o sofrimento remediou-se porque me machuquei involuntariamente com algo que eu gosto muito.
E não são assim os relacionamentos? Não há quem entre em um relacionamento sem ter momentos de sofrimento. (A menos que tenha sido uma escolha que se mostrou errada, e então o sofrimento passa a ser eterno... mas falo disso em outro texto. Hoje estou me referindo de um modo geral e não a mim, rs).
Muitas das vezes, o sofrimento é causado não pela outra pessoa mas por nós mesmos e nossas ansiedades, nossos pensamentos e ponderações erradas.
A gente traça ideias errôneas, faz conjecturas um tanto quanto desconexas e cria um sentido torpe para alguma situação. Sofre porque quer, porque cria razões. 
Aconselho a você, amigo leitor, que analise-se. Conclua-se e entenda-se. Relativiza-se quando a barra estiver difícil e pesada para suportar. Amor é para causar bem-estar, acredite.
Mas, se não acreditar, fica o consolo das palavras de Victor Hugo aos românticos incorrigíveis: "Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele".

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Tomar um café no Pereira

Eu estou focado. Por isso, decidi que, durante o dia, não iria tomar café. O motivo da decisão é que em meu trabalho o café é coado e já adoçado. Eu estou cortando o açúcar e até consegui certo progresso em relação ao meu peso.
Gosto muito de café. Estou descontando minha gana na máquina de espresso que há na Academia Sport Life. Lá tomo quantos quiser, sem açúcar.
Entretanto, escrevi este preâmbulo apenas para comentar que estou rumando a tomar algumas decisões. Decisões que irão culminar em alguns sentimentos desagradáveis: ingratidão, deslealdade, solidão (como se esta já não houvesse!), abandono (pela segunda e derradeira vez). Nunca estive tão perto de decidir-me e a mudança vai ser radical.
Cada manhã, o peso desses pensamentos e ponderações acerca da tomada de decisão massacram-me vorazmente, como hienas sanguinárias que ensanguentam-me enquanto riem.
Então descobri um local para refúgio e paz. Eu vou tomar meia xícara de café na sala do Pereira. Ele, com seu jeito peculiar, sempre tem uma história, quer seja real ou mera lorota, mas que distrai. Um cavalo que precisa ser amansado, uma discussão que aconteceu com alguma pessoa do passado, um causo bem humorado e com desfecho inusitado. Quer saber? Pouco me importa a história que ele conta.
O gostoso é ir, é o caminho, é a ida. Gostosa é a sensação do pequeno caminho que atravesso para chegar até a sala do Pereira. E tomar meia xícara de café, mesmo que adoçado.
Nestes dias turbulentos, tem sido esse meu breve refúgio. É o que tenho à disposição no momento.
Li um trecho de um texto de Bárbara Quinta, que dizia:
"- Não sei onde estou. Nem sei pra onde vou. Posso me refugiar em teus braços?
- É claro. Se quiser, também pode ficar no meu coração".
Era o almejado. Contudo, este tipo de refúgio a que se refere o texto ainda não me foi completamente aberto. Ainda é uma incógnita e seu acesso, parcialmente restrito.
O que há de certo no momento, é o tomar café no Pereira.
Portanto, se alguém precisar de mim e não me encontrar, pode ser que eu esteja lá no Pereira tomando meia xícara de café. Talvez eu esteja refletindo nas palavras de Webert Gomes:
"Não se ocupe em procurar-me quando eu não estiver aqui. Preciso refugiar-me para onde não há mapa. Onde minha solidão possa ser admitida".

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Se cuida

Todo ano, em toda data comemorativa, sempre tem alguém que fala mais ou menos assim: "dia das mães é todo dia do ano", "dia das crianças é todo dia do ano", "dia da mulher é todo dia do ano"... blá, blá, blá...
Deixemos de lado o fato de que toda vez falam a mesma coisa, o ponto deste texto é outro. Sequer envolve datas comemorativas. Envolve ações e sentimentos.
Gostamos de uma pessoa.
Existe, sim, o momento em que se faz uma grande surpresa, uma grande declaração, um ato grandioso para deixar bem claro o quanto a pessoa é especial para nós e quanto a amamos. Fazemos uma declaração, estampamos em jornal, outdoor, luzes, fogos, barulho, espetáculo!
Mas quando a gente sente, e sente de verdade, os outros dias também devem ser contados. O ano inteiro é propício para aquele sentimento.
E para estes dias há os pequenos gestos, alguns detalhes que lembram a pessoa constantemente que ela é gostada, amada.
Uma mensagem de boa noite, um olhar procurando por ela na multidão, uma breve pausa para um café a dois, um bilhete, uma flor, um vídeo que a gente mostra dizendo que nos fez lembrar dela. Tudo vale.
Mas, particularmente, eu adoro usar a expressão "se cuida". Só digo isso para quem é realmente especial.
É uma expressão interessante e até mesmo triste. Explico.
Digo interessante porque pedimos que a pessoa cuide de si, quando na verdade, o nosso desejo é de nós próprios cuidarmos da pessoa. É paradoxo, mas é quase um pedido de ajuda para que a própria pessoa nos ajude a cuidar dela.
Lembra-me uma frase de um autor desconhecido que diz "Dentre todas as formas que eu conheço pra dizer “eu te amo”, a minha preferida é cuidar de você".
Só que é uma expressão triste, porque remete a uma despedida. Odeio despedidas, odeio mesmo. Ainda que seja por um dia mas, a quem me apeguei, não quero distante.
E cuidar lembra fazer parar de doer, acho lindo isso. Fazer sanar as aflições, os males, as ansiedades. Cuidar é a forma mais sublime de amar uma pessoa. Por isso é que a bem poucos digo "se cuida".
Porque quem ama, cuida. E eu amo intensamente, mas poucos.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Um pequeno trecho de meu novo romance

Compartilho agora um breve trecho de um romance que estou criando:

Depois de todo o brilho, da luz, das surpresas que foram feitas naquela noite, ele resolveu acompanhá-la até sua casa.
- Que show! Foi você mesmo que fez este desenho? - perguntou ela, referindo-se ao presente que acabou de ganhar dele, um desenho de seu rosto.
- Sim. Desculpe se não ficou muito bom, faz uns quinze anos que não desenho. - disse o carinha, meio sem jeito.
- Gostei muito! Gostei de tudo, do desenho, do bolo, dos bombons, da surpresa. Nunca ganhei um bolo. - emendou ela.
Neste momento ele pensou que fez algo certo: fez por ela algo que nunca fizeram. Ponto para ele, que não queria nem por um momento parecer-se com a maioria dos caras.
- Mas queria esclarecer uma coisa - disse ele, cortando o silêncio do momento - tudo o que fiz para você hoje, as surpresas, os presentes e tudo o mais não representam nada, absolutamente nada, se comparados com aquilo que você me presenteou. Faz quinze anos que não desenho, faz dois anos que parei de escrever poemas e há um ano não escrevo outros textos. E você, mesmo sem saber, me motivou a fazer tudo isso novamente.
O vento soprou suave entre eles. Ele olhou para o céu. O local era muito escuro e ele ficou encantado com tantas estrelas que estava conseguindo ver. Mais encantado ainda com a estrela em sua frente.
- Já lhe disse outro dia - continuou ele - que eu me odeio. Sem explicação, sem motivo, simplesmente desde a juventude tenho-me como inimigo. Mas, inexplicavelmente, em todas as vezes que tomo café com você, eu sinto vontade de viver para sempre. E os pequenos detalhes que percebo de você em relação a mim me fazem querer gostar de mim. Sou eu que devo agradecer por me devolver tudo isso - concluiu.
Quando se abraçaram, mais uma vez, ele sabia que era chegada a hora de partir, retornar para seu mundo sem inspiração e de ódio-próprio. Ele beijou seu rosto, apertou sua mão e disse até breve.
E ele se foi... desejando ter ficado. Tanto na presença, quanto no pensamento dela. Onde até agora ele não tem certeza se está.

Esperando por mim

O título deste meu texto é semelhante à música cantada por Renato Russo.
Ouvi ela hoje e chorei. A beleza da canção pode ser relativa, eu acho linda, mas há quem não goste. O que me machucou mesmo foi a letra.
"Acho que você não percebeu, meu sorriso era sincero. Sou tão cínico às vezes. O tempo todo estou tentando me defender". E a gente busca ter vislumbres de paz ao lado de quem gostaríamos que fosse nosso ponto de segurança. Como é difícil estar vivendo em descompasso com sua natureza. Que complicado é viver como se estivesse vivo, estando-se já morto.
"Hoje à tarde foi um dia bom. Saí pra caminhar com meu pai. Conversamos sobre coisas da vida e tivemos um momento de paz". Queria ter a companhia de meu pai, para poder conversar sobre as coisas da vida. Na verdade, queria ir com ele no lago e ter talvez um momento de paz. Não aproveitei meu pai quando o tinha. Quando a gente é adolescente, é jovem, acha que nosso pai é antiquado e não aproveita. Hoje vejo que meu pai talvez fosse o único igual a mim. Percebo que dele herdei meus dons de escrever, desenhar, tocar violão. 
Não, meu pai não escrevia poemas ou crônicas, ele não desenhava e também não tocava nenhum instrumento. Mas a poesia que está incutida em meu ser não veio de outro lugar senão dele. As formas de expressão não são o mais importante, se a Poesia não existir. E essa veio de meu pai. 
"É de noite que tudo faz sentido, no silêncio não ouço meus gritos". E é dentro de mim, onde o que há é uma eterna noite, que encontro meus sentidos, minhas explicações. Quando estou quieto (e fico muito tempo quieto) é que os pensamentos gritantes se aquietam e eu consigo raciocinar. Consigo classificar meus raciocínios e sentimentos. Consigo, dia após dia, vez após vez, chegar à conclusão de que aqui (neste mundo) não sou feliz. Não importa o prisma, não importa as cores com que pinto, não importa o ângulo ou lado por que olho. Definitivamente, a conclusão é: não é isso.
"E o que disserem meu pai sempre esteve esperando por mim". Eu... ahn... então... Não consigo comentar isso... desculpem...
E me desculpem o desabafo.
Desabafo de quem está se perdendo e percebe que isso não faz a menor diferença. Nem para mim, nem para ninguém. "Estamos vivendo e o que disserem... os nossos dias serão para sempre".


*todas as citações são da música "Esperando Por Mim" - Legião Urbana.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Quem me enxerga, sabe.

Como é bom poder alegrar outras pessoas, fazer o dia delas um tanto mais feliz!
Alguns têm esse dom. Outros se esforçam.
Mas manter um astral positivo, dar um "up" na motivação diária das pessoas faz com que cheguemos a outro nível de existência.
Que valor inestimável é ver brotar um sorriso no rosto de uma pessoa por conta de uma palavra bem colocada que dissemos, um elogio sincero que proferimos, uma boa ação que realizamos.
Faço um programa de humor (Programa Café com Risada/Café Zé Mauro - ao ar toda quinta a partir das 11h na 106,3 FM Interativa ou pela live no Facebook) e receber o feedback positivo de muitas pessoas que o assistem, que participam ao vivo, que interagem e até que esperam o momento do programa ir ao ar é impagável!
Atender as pessoas bem e com um sorriso, preocupar-se em resolver o problema delas, demonstrar empatia, solidariedade, carinho, atenção. Como é bom ser um raio de luz desferido em meio a um mundo hostil, escuro e egoísta.
Como é bom sentir-se útil e procurado pelas pessoas que encontram em nós um momento de alento e de consolo para uma vida atribulada.
Ser porto seguro, ombro amigo, conselheiro, orientador, animador, parceiro.
Como é bom!
Mas quem me enxerga, sabe.
Acabei de ler uma frase publicada por Arnaldo Álvaro Padovani que diz "Ainda que haja noite no coração, vale a pena sorrir para que haja estrelas na escuridão". É o que tento.
Mas sei das noites escuras qual piche, da imersão em um poço de alcatrão que tenta toda madrugada puxar para dentro de si e sufocar. Do esforço descomunal e sobre-humano que é necessário dispender para sair desse poço. Do trabalho de limpeza e polimento que é preciso fazer nos pensamentos todas as manhãs, a caminho do serviço, para que o brilho esteja impecável.
Tomo um chá e penso: "quem me enxerga, sabe".
Mas não sabem, porque não enxergam.
Não sabem enxergar, não conseguem, não querem.
Quem enxerga vê quando o sorriso não é completamente feliz.
Mas sigo levando comigo o pensamento de Machado de Assis: "Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!"
Quem me enxerga...

segunda-feira, 27 de maio de 2019

O impasse da decisão

Decisões.
Por que será que são tão difíceis de serem tomadas?
Bom, tem umas fáceis. Resolvi hoje de manhã ir trabalhar com uma roupa e na hora do almoço eu coloquei outra. Por nada, só porque quis. Decidido.
Mas há decisões que implicam em mudanças radicais. E eu não tenho medo de mudanças. Não temo o desconhecido.
Tenho medo de apenas uma coisa: certas decisões trazem consigo a sensação de sermos ingratos, quiçá desleais. Isso é a única coisa que me amedronta.
Napoleão Bonaparte comentou que "Nada é mais difícil e, portanto, tão precioso, do que ser capaz de decidir". E realmente certas decisões são difíceis de serem levadas a cumprimento.
Fazer outro sofrer por sua causa, porque você decidiu algo melhor para si. Ah, como seria bom se eu tivesse o egoísmo necessário para encarar isso como lei da natureza! Como queria que fosse tão fácil quanto decidir que hoje iria tomar chá de hortelã.
O autor do best-seller "Diário de uma Paixão", Nicolas Sparks, escreveu justamente o que tenho dificuldade de realizar: "Nesta vida é inevitável magoarmos pessoas inocentes por conta das decisões que tomamos". E eu, como poeta, preferiria milhões de vezes ser o inocente magoado do que o contrário.
Mas não facilitam para mim. Não tomam a decisão que eu precisava que fosse tomada. E eu quero decidir. Preciso respirar. Preciso sorrir. Preciso ser eu. Arrancar esse aperto no peito toda noite, dirimir a angústia que me acomete aos entardeceres.
Mas confesso ser covarde. A mesma covardia que me mantém vivo, corrobora com os motivos que me fazem desejar o oposto.
Por isso, que neste pouco tempo que resta a decidir, vou confiar nas palavras de Caio Fernando Abreu: "Não valorizou, perdeu, só espero estar sempre tomando as decisões corretas, pois se for meu, volta, se não for pra ser, Deus sabe o que faz".
E Deus, caro leitor amigo, não é indeciso.

Por que gostar é tão complicado?

Para um assunto tão complicado, vou apelar para a sabedoria de um desenho de Walt Disney. Talvez para dar um ar paradoxal ao meu texto. Ou só para me entreter na escrita mesmo.
Vamos ao fato.
Um rapaz falou para uma pessoa: "eu gosto muito de você".
A resposta, meio previsível no momento, foi com uma outra pergunta: "Mas que tipo de gostar?"
Gostar é gostar. Talvez o que diferencie alguma coisa é o tipo de retorno que se espera quando se gosta de alguém.
Mas... e se não se espera nada em troca? Que tipo de gostar é esse?
Tudo bem... não quero enxergar que a pessoa em questão queria saber se era um gostar de amigo ou um gostar romântico.
Agora entra o desenho animado. Vou mencionar duas frases do desenho "A Pequena Sereia", de Walt Disney.
A primeira frase é "Gostar de alguém faz você pensar que qualquer oi ou qualquer tchau pode ter algum significado especial". E tudo o que acontece na vida da gente no relacionamento interpessoal é repleto de sinais não verbais. Realmente um oi dito ou deixado de dizer pode ter muitos significados. Existem ainda a entonação, circunstância, quantidade, relatividade... tudo pode significar algo. Ou não, rsrs! Mas quando se gosta esperando reciprocidade, inconscientemente buscam-se sinais de que haja correspondência.
Aí penso sobre outra frase dita na "Pequena Sereia": "Até a forma de te abraçar vai ser diferente quando alguém estiver gostando de você". E isso lembra que o abraço pode existir, mesmo que não haja necessariamente um gostar. Porque abraço é em si uma troca, mas não uma troca de sentimentos. Os sentimentos podem vir embutidos, na força, no momento, na intensidade, na imprevisibilidade do abraço.
Só sei que não tem como dizer que tipo de gostar é. As pessoas gostam. E gostar faz parte e é somente parte da história. Como uma pupa em evolução. Gostar é um sentimento evoluindo, o que vai se tornar??? Ixi, complicado, hein...

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Retornando a escre(vi)ver!

"O que há de errado comigo? Não consigo encontrar abrigo" - assim é parte da letra da música "A Fonte", da banda Legião Urbana.
Hoje estou tendo uma crise medonha de ansiedade e, apesar de estar sofrendo com um aperto no peito, que desce para o estômago e que dá aquela sensação de que nada está certo... posso dizer que estou feliz: EU VOLTEI A ESCREVER!!!
Sim, é motivo de alegria, porque faz mais de um ano que parei de escrever, inclusive parei de escrever meu livro (o que acho algo quase imperdoável).
A faculdade, as mudanças no emprego, as voltas que o mundo dá... tudo me fizeram deixar de escrever. Não por desânimo, simplesmente parei.
A vontade de escrever sempre esteve em mim, não há como livrar-me dela. Mas eu simplesmente não escrevia...
E hoje, quando me encontro uma pilha de nervos de ansiedade, uma nitroglicerina humana, justamente para não explodir eu resolvi largar um pouco os afazeres e escrever este artigo.
Assim, peço desculpas se saí um pouco do tom neste texto, afinal, é o retorno e eu precisava explicar um pouco o porquê de minha ausência.
Não há nada de errado comigo. Agora.
Estou começando a ter uma nova visão de mundo. Graças a Deus! Estou começando a ver que as amarras não estavam apenas me segurando, elas começaram a me enforcar, porque por mais inerte que fiquemos, nós nunca estamos parados e, mesmo inconscientemente, buscamos o que queremos.
Tenho tanto assunto para compartilhar, tantas ideias para desenvolver. Tenho que contar muito do que aconteceu e que percebi acontecer neste meu tempo de ausência.
As perdas irreparáveis, as conquistas e o ressurgimento de sentimentos congelados. Minhas "aulas de italiano", e recentemente minha retomada de práticas que por anos eu havia abandonado (eu voltei a desenhar! Uau!). Ah, c'è anche una nuova persona!
Ufa! Estou mais tranquilo. Escrevi e isso é um bálsamo sem tamanho para aliviar a dor da ansiedade.
Em tempo: obrigado meu amigo Ricardo Brigagão por ser o que tenho no mundo (É noix).