quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Comigo nunca acontece.

É perfeitamente normal termos a sensação de que estamos blindados e isentos de sermos acometidos por coisas ruins. A doença pousa sempre na família dos outros, a morte ataca impiedosamente somente o vizinho. E assim é com o desemprego, as brigas, os problemas conjugais e tudo o mais.

Contudo, como não se lembrar de Vinícius que escreveu: "que não seja imortal, posto que é chama/ mas que seja infinito enquanto dure" e assim conseguir traduzir tão fielmente a efemeridade da vida e das coisas!

Veja bem: seu trabalho, seu namoro, seu casamento, sua religião, seu status, seu conhecimento... tudo um dia vai passar. Até mesmo a pessoa que você é pode, de um momento para outro, se perder na senilidade ou nos efeitos do Alzheimer, que o mergulha em uma essência que não é sua, que pode nos transformar na pessoa que nunca fomos.

Meu Deus! Que abertura triste!

Mas eu apenas tenho a intenção de fazer um alerta. Na literatura, na cinemateca, na arte em geral usualmente são dados alertas para se viver o presente (o "Carpe Diem" tão dignamente imortalizado em "Sociedade dos Poetas Mortes") e, apesar de ser salutar precaver-se e investir no futuro, nunca deveríamos fazer disso o foco principal.

Lembro-me de um dia há tempos, num período em que eu fazia dieta, e um amigo me alertou para nunca deixar de comer aquilo que eu tinho vontade. "Por que um dia você vai querer comer", disse ele, "e você pode não ter condições ou saúde para isso".

Continuei minha dieta, claro, mas depois disso nunca me privei de fazer algo que eu tivesse vontade, com a desculpa de que deixaria para fazer somente no futuro - um futuro que nem sequer temos garantias de que chegará.

Invista em si, aposte em si mesmo, cuide de si mesmo. Li na internet uma frase, cujo autor desconheço, que dizia "não relegue a outro a responsabilidade de fazer você feliz".

E eu concordo! A responsabilidade por minha felicidade é minha! As outras pessoas vêm e vão de nossa vida. Amigos, parentes, cônjuges. No fim das contas, quando o baile termina (e sempre termina), só resta comigo a minha própria pessoa.

Nossa existência não é como um jogo de videogame, que nosso personagem pode conseguir 99 coraçõezinhos vermelhos de vida e, sempre que erra, renasce. A gente tem UM coração e não há como renascer. Portanto, não cometa o pior dos erros: errar consigo mesmo.

E não pense que você está blindado. Tudo acontece com todos. Só não se esqueça de que não é pecado ser feliz.

2 comentários:

  1. Sábias palavras!

    O dia de amanhã não pertence a nós. É preciso descobrir e essência de viver hoje e agora.
    Sucesso!

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    1. Muito obrigado pelo comentário! Continue acompanhando nosso blog! Ótimo dia e vamos seguir vivendo um dia de cada vez!

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