terça-feira, 4 de junho de 2019

Não suba ao palco

"Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco. Disfarçar a dor é dor ainda maior", disse Martha Medeiros.
Hoje jurei para mim mesmo que este texto não terá vitimismo de minha parte e assim o farei.
O que pretendo ressaltar é o ato heroico de muitas pessoas de se fazerem fortes mesmo estando arrebentadas emocionalmente. Conheço algumas.
Suas histórias são as mais diversas e seus problemas, inúmeros. Mas sempre têm um sorriso para distribuir, um conselho para dar, uma companhia boa para oferecer.
Desculpe perguntar mas, como não subir ao palco, Martha, se o show tem que continuar?
Sei e sinto que a vontade de esconder-se nos bastidores é tamanha e que realmente substituir a lágrima por um sorriso faz doer ainda mais. Seria até mesmo um ato de autopreservação evitar maquiar tristezas, relutar contra os sentimentos (imagine quem sente diversas vezes mais?).
Mas o mundo precisa de cada um de nós, mesmo que imaginemos o contrário. Se não fosse assim, as pessoas não se interessariam tanto pela vida umas das outras. O ser humano é um ser social, e só consegue tirar suas conclusões através de comparações. Por isso precisa tão encarecidamente de outrem. 
Salvo exceções encontradas em empreendedores e pioneiros, o ser humano progride tentando atingir o patamar alcançado por alguém a quem admira. Da mesma forma, consola-se ao notar que outros estão em condições piores do que as suas. "Tanta gente passando fome e você aí nem tocando no arroz", diz a mamãe para o filho enjoadinho.
O show deve continuar, é uma frase bem conhecida. E somos os agentes deste grande espetáculo chamado vida em um imenso palco chamado universo.
Por isso é difícil, por isso é doloroso... porque todos nos querem para parâmetro, para comparar-nos, para analisar-nos e, inevitavelmente, criticar-nos.
Por isso Renato Russo cantou: "Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim..."

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