segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Como cultivar o amor

Cuidado, caro leitor, com o chamado "amor à primeira vista". Porque amor assim é fictício. Há atração, há desejo, há interesse que possam surgir num primeiro olhar. Mas amor se cultiva desde semente e não há como se colocar enxerto. Eis um passo a passo.
Primeiro, conhece-se uma pessoa. Você vê a pessoa na rua, na loja, no parque, no facebook, numa mensagem, numa ligação errada. Simplesmente cruzam-se os caminhos. E nesse momento é possível que uma semente seja colocada no solo. Não sabemos ainda se germina ou não.
Segundo, há um próximo encontro. Não marcado, acidental, ou proposital. Um encontro no teatro, umas duas ou três palavras trocadas, e você descobre que a pessoa tem olhos admiráveis, e que quando sorri, fica ainda mais bonita. A semente, ainda cravada no solo, começa a soltar seus pendões.
Terceiro, surge uma pequena amizade. Mas amizade é palavra pesada, pois não há tempo nem vínculo de amizade ainda. Ambos são conhecidos, que trocam informações, que conversam e notam que é bom conversar. E por um momento ou outro, sentem que precisam conversar novamente, porque isso é bom, e a semente se torna um broto, mas ainda não vingou.
Quarto, surge o carinho. Neste momento, você sente um pequeno ciúme se a pessoa curte outras postagens que não as suas. Você quer acompanhar os passos da outra pessoa, quer conversar mais, quer sempre mandar um alô, um "estou pensando em você". Começam a surgir raízes na semente.
Quinto, surge a paixão. Momento crucial, porque é quando a semente pode apodrecer, porque a paixão vai surgir com certeza, mas ela é possessiva, é ansiosa, é até por vezes prejudicial, sufocante. Como se o pequeno broto começasse a ter suas primeiras folhinhas e atraísse alguns insetos, algumas pragas que precisam ser exterminadas.
Sexto, a paixão sai e dá lugar ao amor. E o amor não leva em conta o dano, é uma fagulha divina que não tem inveja. Quem ama, chega a abrir mão da pessoa amada para que ela seja feliz. Esse é o amor puro e verdadeiro. Quem ama visa mais a felicidade do outro do que a sua própria, não impõe, não obriga, não amarra, não vigia. Apenas cuida. E cuidar pode significar deixar partir, libertar.
E como numa loteria, se da outra parte a sementinha chegou no mesmo grau de desenvolvimento não haverá separação, mas união.
De qualquer forma, unindo-se ou libertando-se, surgirá uma nova semente, que outra pessoa germinará desde o primeiro passo, dando continuidade à existência divina do ser humano.
E não tema, não evite esse cultivo, pois como diz Santo Agostinho: "A medida do amor é amar sem medida."


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