segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Experiência de solidão

Pensei muito para poder escrever este artigo. É sobre uma experiência que estou fazendo e que devo advertir: não tente fazer isso. Eu a chamo de experiência de solidão e não darei sobre ela detalhes maiores do que estes que serão escritos aqui.
Como poeta, tenho aquele problema de sensibilidade aumentada. Tristezas e alegrias são multiplicados por 10 ou 100 vezes...
Pois bem. Agora imagine uma situação em que pessoas (cerca de 200 ou 300) que fizeram parte de sua vida por 15 anos e por quem você estaria disposto a dar sua própria vida (e elas também a delas por você) de um dia para o outro parassem de falar, conviver, olhar e sequer cumprimentar você.
Contudo, a convivência com elas ainda existe, ao menos duas vezes por semana, em sessões de duas horas. Isso mesmo: duas horas em um local onde ninguém o cumprimenta, ninguém olha para você, ninguém conversa com você (isso embora entre todos a conversa é animada e a convivência muito cordial).
Eu chamo a isso de experiência de solidão e de sensação de invisibilidade. Eu com quarenta anos me sujeitar a um garotinho de cinco anos que vinha sempre me cumprimentar e que agora passa do meu lado olhando para o chão.
Para alguns pode parecer uma experiência estranha, algo que não acontece. Mas acreditem, é algo até certo ponto comum em determinados locais. E em locais onde se prega o "amor".
E nessa experiência, com minha sensibilidade aflorada, sinto a cada encontro uma pontada no peito por não poder sequer sorrir para pessoas de quem gosto. Não poder segurar na mão de velhos companheiros. Não posso dar um tapinha nas costas ou um abraço em pessoas que sei que gostam de mim mas que, devido a essa experiência, não podem se relacionar comigo.
Conheci um novo tipo de sofrer, um sofrer que pretendo explanar em palestras futuras. Cada dia que participo dessa experiência, duas vezes por semana, todas as semanas, sinto no coração uma dor que chega a quase ser física. E se isso tem me valido a pena é apenas para fortalecer minha humildade, pois essa sujeição a ser ignorado dá uma força incomum se a gente consegue suportar o desprezo.
Minha válvula de escape é encontrar alguns amigos na academia Sport Life (com os quais não compartilho minha experiência) e desfrutar de um pouco de alegria e sorrisos. Se não fosse isso, eu ensandecia.
A experiência continua, e mantenho-os informados dos resultados que sobrevirão a mim.
Só destaco duas certezas. A primeira, é que não se deve aplicar o tratamento que funciona para um em todas as pessoas, pois há pessoas que não suportam o que outros conseguem aguentar.
E segundo, e mais importante, é que entendi o que o ator Robin Williams queria dizer com a frase: "Eu pensava que a pior coisa na vida era acabar sozinho. Não é. A pior coisa na vida é acabar cercado de pessoas que fazem você se sentir sozinho".

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