sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Quando seremos independentes?

Certo dia, às margens do Ipiranga, D. Pedro I bradou: "Independência ou morte".
Claro, referia-se ele à independência relativa a Portugal, país que dominava o Brasil até então.
Mas estive pensando e, sem querer polemizar, fico abismado da necessidade do ser humano de ser dependente: afetivamente, socialmente.
Temos uma necessidade inata de sermos aprovados em nossas ações. Neste quesito, independente de termos a liberdade de tomar nossas próprias decisões, insistimos em que a maioria aprove o que decidimos.
Vejo o facebook (terreno fértil e ao mesmo tempo improdutivo) fervilhando de comentários pró e anti aborto. Apesar de eu ser fervorosamente contrário a esta prática, fico em dúvida do porquê proibi-la, uma vez que gritamos "independência ou morte".
A sociedade atual nos encaminhou por veredas de promiscuidade e sexo desenfreado, com músicas, programas televisivos, entrevistas, clipes repletos de conotação sensual ou explicitamente sexual.
Talvez a ideia de que o acesso a informação fosse melhorar o controle não tenha sido bem encarada ou o tiro tenha saído pela culatra. Jovens sabem muito bem sobre sexo: sabem fazer, sabem posições, sabem o que acontece... mas não sabem prevenir, não sabem planejar e não sabem sequer para que serve (tirando "dar prazer", eles desconhecem o restante das utilidades das relações sexuais).
A discussão é enorme nesse quesito e acredito que está longe de terminar. Mas não acho que seja impondo um "pode" ou "não pode" abortar que a situação irá se resolver.
Não vai ser impedindo o aborto que este não irá acontecer. Não será permitindo-o, que se controlará a natalidade e se formarão famílias felizes.
E o meio termo seria educação, em um país definitivamente mal educado.
Mas como não escrevi este texto para solucionar, mas sim para colocar mais lenha na fogueira, encerro com a frase do escritor Albert Camus: "Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo".


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