segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A depressão foi minha amiga

Como assim? Como pode a depressão ser amiga? O que se pode esperar de bom de um mal como esse?
Calma, eu fui prático.
A depressão prestou-me uma ajuda inusitada, mas somente porque consegui enganar tanto a ela quanto a mim mesmo.
Estranho não é? Mas explicando fica mais fácil entender.
Como usualmente acontece com pessoas deprimidas, eu me odiava. Odiava meu corpo de 108 kg, minha papada enorme. Odiava ter que comprar as roupas que estavam disponíveis para meu tamanho e não aquelas que eu realmente queria (pois não cabia nelas).
E por causa desse ódio contra minha pessoa, eu queria judiar de mim.
Pois bem, eu resolvi então me maltratar na academia Sport Life de meu amigo Ricardo Brigagão.
Fui fazer spinning, um exercício aeróbico realizado em bicicleta ergométrica que queima de 600 a 800 calorias em 40 minutos.
E quanto mais eu cansava, mais eu pedalava, mais eu judiava de mim, mais eu extravasava o ódio por minha pessoa.
Mas quando subia na balança... um quilo se fora. E menos um quilo, menos um quilo, menos um quilo... até que emagreci 21 quilos em poucos meses.
Comecei a ficar feliz comigo, porque ao pesar 87 quilos eu comecei a caber nas roupas que queria comprar. Comecei a caber e passar por lugares onde antes eu enroscava.
O exercício libera endorfina e adrenalina, o que dá sensação de alívio e prazer.
Minha depressão diminuiu e meu ódio por mim se transformou em carinho e cuidado. Comecei a me exercitar para me castigar e agora faço para cuidar de mim.
Pois é... acho que interpretei corretamente o que Fernando Pessoa escreveu:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."


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