sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Emoção - uma exclusividade humana

Sempre defendi a ideia de que poeta não é aquele que escreve, mas aquele que lê e diz: "que bonito!" ou então "que porcaria!".
Entendo que um de nossos inestimáveis dons é sermos dotados de emoção.
Racionalmente, as sensações que temos são movidas por humores, isto é, hormônios, enzimas, e substâncias que fazem-nos sentir o frio na barriga, as mãos suarem, tremermos e coisas assim.
Mas acho triste esta visão racional de que nossos sentimentos são movidos por reações químicas. Prefiro pensar em algo mais profundo e poético: mesmo que sejam as tais reações químicas, as emoções são a força que motiva essas reações.
Como podem reações químicas realizarem a façanha cantada por Camões:

"Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada."

E nosso dom ainda se estende a podermos encher de emoção a coisas inanimadas. O poema, a meu ver, é uma lâmpada, Mas cada ser humano é um bocal, nós fazemos o poema acender.
Mario Quintana escreveu que “quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro”.
Eu concordo com essa frase, pois quem não é capaz de sentir (seja gosto ou desgosto, amor ou ódio) é burro, no sentido escrachado do termo.
Portanto, sinta!
Encha de emoção as coisas à sua volta!
Seja um transformador do ambiente ao seu redor!
Esse é seu dom! E isso vai fazê-lo feliz. Experimente.


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