sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Nem todo padrão é bom

 Colocar rótulos e criar padrões. Parece ser esta a função primordial da sociedade de hoje.
A sociedade tende a criar padrões para tudo, sempre ditando o que é certo e o que é errado. E o pior é constatar que as pessoas, muitas vezes por se entregarem ao modismo e ditames da maioria, aceita calada aquilo que lhe é imposto.
A sociedade dita padrões de beleza: e me diz que peso tenho que ter, que altura seria a melhor, que cabelo devo ter, qual roupa posso usar, qual a tendência correta, a cor do olho mais querida, o modo de conversar, como se sentar, como olhar.
A sociedade dita padrões de inteligência: e exige de mim o diploma, diz qual o curso dos mais capacitados, diz qual a faculdade dos mais preparados, não se contenta com graduação e pede mestrado, doutorado, não se importa com a vivência prática desde que haja o preparo técnico.
E a sociedade cria padrões de preconceito: de raça, de opiniões, de religiões, de gêneros.
Penso no médico da vizinha Serra Negra, que caçoou nas redes sociais de um paciente que dizia estar com “peleumonia” e tirou um “raô-x”. Parabenizo ao hospital que demitiu o profissional que deveria cuidar de doentes, mas expôs crassamente uma doença social ao zombar de alguém com menos escolaridade, mas que pelo fato de estar ali se consultando, permitia a este receber seu salário.
Penso, por fim, no exemplo de Fernando Pessoa, ao escrever o poema “Padrão”:
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei”.


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